Orígenes de Alexandria tinha cerca de 65 anos, quando foi encarcerado e torturado por sua fé em Cris-to, durante a perseguição movida pelo Imperador Décio. Manteve-se firme o tempo todo e jamais renegou a fé que abraçara ainda jovem. Solto, não resistiu às consequências da tortura e morreu, no ano 253.
Os livros que Orígenes nos deixou suscitaram muita polêmica. Não se discute, porém, que neles se encontra a primeira explanação completa da fé em Cristo, com ajuda da filosofia platônica, na História da Igreja. A explanação é o farol mais alto que nos permite enxergar como a doutrina a respeito de Cristo chegou até nós, em meio à voragem do tempo. Pode-se postular que ela se formou em duas etapas, marcadas pela influência de fontes bastante diversas: o testemunho dos Evangelhos canônicos e a interpretação da doutrina filosófica do Logos em termos cristão-platônicos.
Orígenes foi a maior fonte de luz sobre ambas as fontes, até Agostinho de Hipona. Mas, se a sua exegese dos Evangelhos foi fundamental, não há como não se reconhecer que outras a igualaram em estatura. O cristianismo não tem muita falta de notáveis exposições das suas Escrituras. Porém, a explicação da pessoa do Logos, que Orígenes nos legou, nunca foi igualada. Ela foi, de certa forma, o desenvolvimento máximo a que a reflexão cristã-platônica da Epístola aos Hebreus foi levada.
Uma primeira razão para isso foi o fato de Orígenes ter evitado os perigos do erro maior de Platão, a saber: a substantificação das ideias e do mundo das ideias. Vimos que esse erro consistiu na atribuição de consistência real às ideias de números, figuras geométricas e outros objetos, como se existissem não só no intelecto de quem os pensa, mas num mundo exterior a ele. Orígenes evitou cuidadosamente tal erro, ao atribuir às ideias consistência apenas intelectual, como se percebe na seguinte passagem do Tratado sobre os princípios: “Nosso Senhor e Salvador designa também um mundo que não é o visível. De fato, ele diz: ‘Eu não sou deste mundo’ (Jo17:14) [...] Não seja o caso que alguns encontrem aí pretexto para entender que com isso afirmamos a existência de certas imagens que os gregos chamam ideias; mas é completamente alheio ao nosso modo de pensar falar de um mundo não corpóreo que só tem consistência na fantasia ou em pensamentos escorregadios” (ALEXANDRIA, Orígenes de. Tratado sobre os princípios. São Paulo: Paulus, 2012. 2º Livro, Cap. 6. p. 141).
Negação mais decidida da doutrina platônica das formas ou ideias como realidades autoexistentes não é possível. Embora platônico sob outros pontos de vista, Orígenes não segue aquele mestre grego no ponto tópico relativo à natureza das ideias. Pelo contrário, ele declara fantasiosa a hipótese de um mundo incorpóreo composto por pensamentos. Por isso, embora derive a existência de realidades espirituais de um “mundo das ideias” (noetós) de Deus, ele emprega outro termo, para demarcar a diferença entre esse mundo e o dos seres espirituais efetivamente existentes: noerós (idem. nota 15, p. 144). Não é improvável que essa demarcação terminológica corresponda à distinção aristotélica entre o inteligível e as inteligências. Pelo contrário, as duas distinções parecem manter estreita relação.
O emprego de termos distintos para designar o inteligível e as inteligências, aliado a passagens como a citada acima, em que Orígenes se recusa a reconhecer objetividade às ideias, faz questionar de que parte esse filósofo retirou doutrina tão avançada e, ao mesmo tempo, contrária a tudo o que se ensinava nos meios platônicos da sua época. Uma explicação possível é a influência da doutrina de Aristóteles, para quem o suprassensível não é constituído de inteligíveis, como em Platão, mas de inteligências. É perfeitamente possível que Orígenes tenha recolhido essa doutrina direta ou indiretamente de Aristóteles e a adotado.
Mas, ainda assim, é de admirar a firmeza com que o filósofo cristão se opôs à tendência do platonismo da sua época. E ainda maior admiração infunde a lembrança de que o próprio Aristóteles, a quem aquela diferenciação é atribuída, apegou-se à noção substancialista de que as formas existentes nas coisas surgem no intelecto, por ocasião do conhecimento sensível. Quando nos damos conta desses particulares, notamos que Orígenes foi capaz de adotar o que há de mais avançado em Aristóteles, sem incidir no substancialismo daquele filósofo.
O fato é tão conspícuo que merece exame detido. Teria Orígenes realmente recebido a distinção de Aristóteles entre inteligível e inteligente e rejeitado a substantificação das ideias platônicas ou essas opiniões foram combinadas por outros pensadores, de quem o filósofo patrístico as recebeu? É provável que a rejeição da objetividade das ideias tenha sido tomada por Orígenes dos estoicos, que ensinavam que apenas os seres individuais, como a lua e Sócrates, existiam. Para os estoicos, termos gerais como homem e animal referiam-se a noções mentais (ennoemata) (STEAD, Christopher. A Filosofia na Antiguidade cristã. São Paulo: Paulus, 1999. p. 53). Tão semelhante é essa concepção à que vemos expressa em Orígenes que a dependência para com os estoicos se torna a hipótese mais provável.
Porém, a conquista maior da patrística não foi a combinação dessas ideias, por si já bastante fecunda, mas a adoção simultânea da intuição mais luminosa de quantas o platonismo trouxe ao mundo, a saber: a inteligibilidade do mundo. A ideia de que o mundo pode ser compreendido pertence ao senso comum. Não é, pois, uma ideia nova. Porém, o modo como ela se encontra no cabedal de conhecimentos comuns de tantos povos, inclusive dos antigos gregos, não se compara com o modo novo como Platão e Aristóteles entenderam a inteligibilidade. Para esses dois filósofos, o mundo ser inteligível é algo muito distinto do que o senso comum entende por essa afirmação. Significa que cada partícula do real, que os gregos havia séculos concebiam como material, está estruturada de modo a possibilitar o conhecimento racional.
Essa descoberta, que faz recordar a frase de Einstein segundo a qual o mais surpreendente sobre o Universo é o fato de poder ser conhecido, alça a inteligibilidade a um patamar totalmente novo. Pode-se mesmo afirmar que, com Platão, esse conceito passa do senso comum para o nível do conhecimento muito mais elevado que se usa denominar Metafísica.
No fundo, a inteligibilidade implica que, se reduzirmos o real às suas menores partes, ele continuará inteligível, pois o é por essência. Essa relação entre o mundo e o conhecimento não havia sido jamais postulada. Trazia consigo uma consequência revolucionária: se o mundo é eterno, como os gregos sempre o tinham pensado, segue-se que esteve eternamente dado ao conhecimento. Claro que, a uma oferta tão duradoura de inteligíveis, deviam corresponder inteligências eternas.
Para entendermos essa consequência da inteligibilidade do mundo, é útil recorrermos ao exemplo da água. Sabemos que, para haver vida, é preciso haver água e que o contrário é também provável: onde há água, deve haver algum tipo de vida. Não é diferente com a oferta infinita de inteligíveis, que acabamos de demonstrar. Ela sugere a existência de inteligências eternas.
Se o mundo é tão profundamente inteligível, devem ter sempre existido inteligências. Isso não prova a existência de inteligências eternas, mas sugere de um modo novo e particularmente vigoroso a eternidade da inteligência. A Filosofia Cristã não é compreendida enquanto não se reconhece que ela nasce e se orienta por essa intuição.
Tantas e tão profundas são as consequências da intuição a que me refiro que nenhum pensador antigo as extraiu todas. Podemos até afirmar que a ideia permaneceu implícita no platonismo antigo. Não foi desenvolvida ao ponto de as suas principais consequências tornarem-se claras. Refiro-me à inteligibilidade profunda do cosmo, àquela que Einstein declarou constituir a mais fundamental de todas as verdades sobre a natureza. Essa é a ideia maior do platonismo, que permaneceu implícita, subjacente às obras de Platão, Aristóteles e seus seguidores. É também a ideia que mais seduziu pensadores cristãos como Orígenes.
Fílon viveu 200 anos antes de Orígenes, na mesma cidade dele. Foi o primeiro a conciliar os resultados da Filosofia grega à exposição do Antigo Testamento. Porém, como costuma ocorrer nos inícios de toda nova doutrina e de toda nova técnica, há em Fílon equívocos que foram corrigidos por seus sucessores, a exemplo de Orígenes. O mais proeminente deles é o estatuto das ideias, que Fílon considera reais (existentes no mundo exterior), e Orígenes, intelectuais (existentes só no intelecto, mas que podem ser reproduzidas, com alterações, no mundo celeste ou terreno).
O emprego de termos distintos para designar o inteligível e as inteligências, aliado a passagens como a citada acima, em que Orígenes se recusa a reconhecer objetividade às ideias, faz questionar de que parte esse filósofo retirou doutrina tão avançada e, ao mesmo tempo, contrária a tudo o que se ensinava nos meios platônicos da sua época. Uma explicação possível é a influência da doutrina de Aristóteles, para quem o suprassensível não é constituído de inteligíveis, como em Platão, mas de inteligências. É perfeitamente possível que Orígenes tenha recolhido essa doutrina direta ou indiretamente de Aristóteles e a adotado.
Mas, ainda assim, é de admirar a firmeza com que o filósofo cristão se opôs à tendência do platonismo da sua época. E ainda maior admiração infunde a lembrança de que o próprio Aristóteles, a quem aquela diferenciação é atribuída, apegou-se à noção substancialista de que as formas existentes nas coisas surgem no intelecto, por ocasião do conhecimento sensível. Quando nos damos conta desses particulares, notamos que Orígenes foi capaz de adotar o que há de mais avançado em Aristóteles, sem incidir no substancialismo daquele filósofo.
O fato é tão conspícuo que merece exame detido. Teria Orígenes realmente recebido a distinção de Aristóteles entre inteligível e inteligente e rejeitado a substantificação das ideias platônicas ou essas opiniões foram combinadas por outros pensadores, de quem o filósofo patrístico as recebeu? É provável que a rejeição da objetividade das ideias tenha sido tomada por Orígenes dos estoicos, que ensinavam que apenas os seres individuais, como a lua e Sócrates, existiam. Para os estoicos, termos gerais como homem e animal referiam-se a noções mentais (ennoemata) (STEAD, Christopher. A Filosofia na Antiguidade cristã. São Paulo: Paulus, 1999. p. 53). Tão semelhante é essa concepção à que vemos expressa em Orígenes que a dependência para com os estoicos se torna a hipótese mais provável.
Porém, a conquista maior da patrística não foi a combinação dessas ideias, por si já bastante fecunda, mas a adoção simultânea da intuição mais luminosa de quantas o platonismo trouxe ao mundo, a saber: a inteligibilidade do mundo. A ideia de que o mundo pode ser compreendido pertence ao senso comum. Não é, pois, uma ideia nova. Porém, o modo como ela se encontra no cabedal de conhecimentos comuns de tantos povos, inclusive dos antigos gregos, não se compara com o modo novo como Platão e Aristóteles entenderam a inteligibilidade. Para esses dois filósofos, o mundo ser inteligível é algo muito distinto do que o senso comum entende por essa afirmação. Significa que cada partícula do real, que os gregos havia séculos concebiam como material, está estruturada de modo a possibilitar o conhecimento racional.
Essa descoberta, que faz recordar a frase de Einstein segundo a qual o mais surpreendente sobre o Universo é o fato de poder ser conhecido, alça a inteligibilidade a um patamar totalmente novo. Pode-se mesmo afirmar que, com Platão, esse conceito passa do senso comum para o nível do conhecimento muito mais elevado que se usa denominar Metafísica.
No fundo, a inteligibilidade implica que, se reduzirmos o real às suas menores partes, ele continuará inteligível, pois o é por essência. Essa relação entre o mundo e o conhecimento não havia sido jamais postulada. Trazia consigo uma consequência revolucionária: se o mundo é eterno, como os gregos sempre o tinham pensado, segue-se que esteve eternamente dado ao conhecimento. Claro que, a uma oferta tão duradoura de inteligíveis, deviam corresponder inteligências eternas.
Para entendermos essa consequência da inteligibilidade do mundo, é útil recorrermos ao exemplo da água. Sabemos que, para haver vida, é preciso haver água e que o contrário é também provável: onde há água, deve haver algum tipo de vida. Não é diferente com a oferta infinita de inteligíveis, que acabamos de demonstrar. Ela sugere a existência de inteligências eternas.
Se o mundo é tão profundamente inteligível, devem ter sempre existido inteligências. Isso não prova a existência de inteligências eternas, mas sugere de um modo novo e particularmente vigoroso a eternidade da inteligência. A Filosofia Cristã não é compreendida enquanto não se reconhece que ela nasce e se orienta por essa intuição.
Tantas e tão profundas são as consequências da intuição a que me refiro que nenhum pensador antigo as extraiu todas. Podemos até afirmar que a ideia permaneceu implícita no platonismo antigo. Não foi desenvolvida ao ponto de as suas principais consequências tornarem-se claras. Refiro-me à inteligibilidade profunda do cosmo, àquela que Einstein declarou constituir a mais fundamental de todas as verdades sobre a natureza. Essa é a ideia maior do platonismo, que permaneceu implícita, subjacente às obras de Platão, Aristóteles e seus seguidores. É também a ideia que mais seduziu pensadores cristãos como Orígenes.
As concepções de Deus de Fílon e Orígenes desprendem-se do modo pelo qual cada um conceitua o mundo das ideias. Como em Fílon as ideias são reais, Deus é o Todo constituído por elas. Esse Todo contém o mundo material, que nele tem sua gênese. Mas, em Orígenes, as ideias são inteligíveis e não têm existência alguma pelo simples fato de o serem. Deus existe não por ser uma ideia ou a soma de todas as ideias, mas como pessoa eterna.
Essa conclusão só é possível, em Orígenes, por-que as ideias não têm existência real. Se a possuíssem, a soma de todas elas seria maior e mais poderosa que o Deus pessoal, que já não seria supremo, o que é absurdo. Portanto, Orígenes parece relacionar o Deus pessoal supremo à inexistência objetiva do mundo das ideias.
Mas a modificação a que Fílon submete o conceito estoico de Logos tem ainda maior importância para a formação do kerigma (pregação) cristãos do que as concepções acima a respeito de Deus e das ideias. Diferentemente de Platão, Fílon acredita que as ideias não são eternas, mas foram criadas por Deus para ser-virem de modelos na formação do mundo físico. São, pois, criaturas especiais, por refletirem de modo perfeito a natureza imaterial do Criador, verdadeiras imagens intelectuais do ser divino.
A ideia principal que Deus cria, a imagem mais importante, de acordo com Fílon, é o Logos, em que todas as outras ideias estão abrangidas. O Logos é, pois, a imagem perfeita de Deus, o modelo de todas as coisas criadas.
É útil transcrever a seguinte exposição da doutrina do Logos, a fim de que as consequências dela para a formação da fé cristã sejam elucidadas: “Filo distingue o Logos de Deus e faz dele quase uma hipóstase, e o denomina até mesmo ‘filho primogênito do Pai incriado’, ‘Deus segundo’, ‘imagem de Deus’” (REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. 2ª ed., São Paulo: Loyola, 2001. Vol. IV, p. 249).
Não é preciso mais para transmitir quanto a doutrina neotestamentária de Cristo, e a de Hebreus em particular, têm em comum com essa. A semelhança é tão espantosa que sugere derivação. Como os 66 livros do Antigo Testamento nada apresentam de tão semelhante, é preciso perquirir se o que recebemos, como doutrina sobre a pessoa de Cristo, não resultou da fusão (e contínua reelaboração) do retrato dele nos quatro Evangelhos com a filosofia judaicoplatônica do Logos, derivada de Fílon. É possível que tenha sido esse o caso.
É particularmente edificante entender como Orígenes recepciona essa filosofia, submete-a a rigo-rosa comparação com as Escrituras e a consolida. Para explicar o sentido dos versos em que Paulo afirma que o Filho, “subsistindo em forma de Deus não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou etc.” (Fp 2:6-7), Orígenes recorre à comparação com “uma estátua tão grande que pudesse conter toda a terra e que devido à sua imensidão ninguém pu-desse enxergar, e que outra estátua fosse feita, em tudo parecida com a primeira”, com o objetivo de revelá-la aos que não a podiam conhecer. Ele conclui: “De modo análogo, o Filho, se aniquilando ao abandonar a igualdade com o Pai, e nos mostrando o caminho para conhecê-lo, tornou-se ‘marca impressa da figura da sua substância’” (ALEXANDRIA, Orígenes de. Ob. cit. 1º Livro, Cap. 8. p.77).
De onde Orígenes extrai a expressão “marca impressa da figura da sua substância”? Extrai-a de Hebreus 1:3, e é bom que se diga que ninguém o supera em matéria de citar, com fidelidade e precisão, os originais gregos. Marca impressa da figura da substância divina é o que nossas Bíblias vertem “expressão exata do seu ser”. Orígenes ensina que ela é a imagem acabada, não só das ideias da mente divina, mas da es-sência de Deus. Essa imagem nada mais é que o Logos, que ao se encarnar produziu uma “marca” na matéria corpórea. Será preciso acrescentar que isso tudo, em Fílon, Hebreus e Orígenes, é profundamente platônico?
Orígenes busca nos apócrifos incorporados à Bíblia judaica da Diáspora (cânon helenista) passagens que se assemelham à acima citada de Hebreus, para explicar o mistério da encarnação do Verbo (Logos). Age prudentemente, já que esses livros pertencem ao período helenístico e refletem ideias gregas e platônicas. Particularmente Sabedoria 7:25-26 discorre: “Ela [a sabedoria] é um sopro do poder de Deus, e aporroia, isto é, emanação puríssima da glória do Todo-poderoso, esplendor da luz eterna, espelho imaculado da atividade ou do poder de Deus e imagem da sua bondade”. Perguntarei novamente: será necessário acrescentar que a fonte de que essas palavras emanam é a Academia de Atenas?
A História da Filosofia pode ser contada, de certa forma, como um romance, pois é percorrida por um fio condutor, que interliga as inquietações, discussões e exposições que se manifestam nos seus vários períodos. É, como tal, uma história sobre alguma coisa central, uma narrativa com um sentido geral, não uma multidão de fatos ou de doutrinas desconexas. Não foi por outro motivo que os primeiros cristãos a entenderam como revelação do Logos.
Nada disso se põe por uma prova definitiva. É, pois, matéria de dúvida. Mas é, no mínimo, surpreendente que tal dúvida possa ser expressa em linguagem filosófica. E ainda mais que essa linguagem seja substancialmente pré-cristã.